Como impor limites

Todo ser humano tem dificuldades para impor limites, a depender da situação e do próprio limite. Uma coisa é falar "pode diminuir o volume da TV porque já está muito tarde?", enquanto outra coisa é "Pode diminuir o volume da TV porque eu preciso dormir, por favor?". Algumas pessoas recorrem à terapia online, outras à presencial e outras ao conhecimento independente de si mesmas para aprenderem a se proteger. Quando vamos estabelecendo limites, nos colocando em primeiro lugar, comumente sentimos um desconforto. Repare nisso: como nós não estamos acostumados a sermos prioridade em nossas vidas, a termos uma relação saudável com limites, nos incomodamos quando "furamos essa bolha".

O mais comum e normal acaba sendo priorizar os outros e jamais incomodá-los, enquanto nós... bem, às vezes nós nem nos lembramos do que é importante e saudável para nós mesmos, certo? Esse comportamento é uma consequência dos medos que sentimos, e vamos falar sobre isso. Afinal, não é porque eu não consigo me impor que terei que aceitar isso para sempre. É possível desenvolver habilidades novas a partir da tomada de consciência de padrões antigos que descobrimos na análise corporal.

Vamos começar do começo: você já entende um pouco sobre os traços de caráter? Eu, Léo Mosqueira, sou analista corporal e escrevi outro texto aqui no umCOMO no qual explico tudo sobre a análise corporal e os 5 traços de caráter. Se você ler o texto será mais fácil saber como colocar limites e se fazer respeitar, porque cada traço da sua personalidade lida de uma forma diferente com a criação de acordos. Vamos aos fatos da vida real, falar sobre traços de caráter e o respeito a limites para uma relação saudável.

Pense aqui comigo: quando você tem uma ideia muito "fora da caixinha", que pode afetar você ou alguém negativamente, você coloca ela em prática ou evita? Eu espero que você tenha respondido "evito!". Isso é impor limite a si mesma, à execução das ideias que vêm do seu traço de caráter Esquizóide, que chamo de traço Criativo. Esse mesmo traço precisa que você exija respeito às suas ideias para que elas não sejam criticadas, desvalorizadas, diminuídas. É preciso comunicar isso às pessoas para quem você conta sobre o que pensa. É como se impor: "Ei, eu não gosto quando você fala assim".

É difícil dizer não quando você morre de medo que a pessoa que ouvir o seu "Não" se sinta mal e vá embora da sua vida, concorda? Quando você imagina isso, consegue perceber o quão disfuncional é essa relação? Se você diz "não", a pessoa fica chateada com você e desaparece da sua vida? Bom, esse medo vem do seu traço de caráter Oral, que gosto de chamar de traço Comunicativo. Convenhamos, cuidar de você precisa ser a sua prioridade, e se isso significa colocar alguém em segundo lugar, tudo bem! Se você não tinha certeza do que é se impor, agora tem! Não pense que está errada em se cuidar e, caso bata uma vontade de chorar por medo de a pessoa te deixar, chore! Chorar faz bem, é saudável e é uma expressão do que você sente. Respire fundo, cuide-se, faça companhia a si mesma e fale para a pessoa o que precisar falar (de forma empática e não violenta, claro). Estabeleça esse limite. Não guarde essa angústia no peito!

Às vezes vem uma insegurança estranha, também, relacionada a "o que vão fazer com o que eu falar". Essa apreensão que surge do medo de se sentir usada ou manipulada vem do seu traço de caráter Psicopata, o Persuasivo e Negociador. Nada melhor para sanar de uma vez essa insegurança do que trazer clareza para o contexto. Coloque suas cartas na mesa, abra o jogo, mostre seus medos (caso você confie o suficiente na pessoa) e defina seus limites a partir daí. É como impor respeito sem precisar se esforçar. O outro, se corresponder à sua honestidade e autenticidade, respeitará esses acordos e será claro com você, também.

Por mais que estejamos preparados para uma conversa séria, sempre existirão as benditas expectativas! Aquele medo quase irracional de que algo de errado aconteça e que sobrem decepções e frustrações para cima dos seus ombros. Esse é o medo do seu traço de caráter Masoquista, o Metódico e Cuidador. A dificuldade de estabelecer limites vem do receio de quebrar as expectativas das pessoas, como se impor uma barreira fosse errado e, por essa razão, você está sempre fazendo pelos outros. O problema é que você nem vê necessidade de impor limites, já que estar sempre à disposição dos outros não te incomoda, pois você é forte, determinada e executora! Sabe quando vira uma chavinha na sua cabeça? Quando você começa a sentir dores, cansaço ou ansiedade extremos por não se priorizar. Colocar-se no pedestal da sua vida te dá a certeza de que você precisa impor limites e fazer menos pelos outros, mas mais por você mesma.

Agora se tem uma parte da sua personalidade que impõe limites aos outros com bastante facilidade é o seu traço de caráter Rígido, o Dinâmico e Ágil. Aos outros porque é desse traço que vem a sua facilidade em focar nas suas próprias coisas. Focar tanto, mas tanto, que você não sabe impor limites a si mesma. É quando você percebe dores pelo corpo porque não está parando para reconhecer seu esforço, descansar, se recompensar pelas suas conquistas e vitórias. Anote isso: você tem energia para ficar em ação por 200 anos. Conserve sua saúde mental e seu corpo para viver esse tempo. Limite sua rotina a atividades saudáveis. Planeje seu tempo, seu dia-a-dia, pois é fácil você se perder na quantidade de compromissos que cria ou aceita e no excesso de cobrança para resolvê-los todos de uma vez.

Para saber como impor limites nas pessoas, é preciso se fazer algumas perguntas:

• O que é importante para mim, do que eu gosto e do que eu não gosto?
• O que eu aceito e o que eu não admito?
• O que eu não consigo resolver ainda?
• O que eu quero ou preciso aprender?
• Até onde eu estou disposta a ir?
• Até que ponto eu estou disposta a me esforçar?

Ótimo, agora você sabe quais são os pilares para os seus limites e como impor respeito. Estabelecê-los ficará mais simples. Eu não disse que seria fácil, né? Com seus limites impostos, quando alguém se aproximar de algum deles você poderá se basear nos seus pilares para expressar o que você admite, o que não admite, o que pode ou não, quer ou não fazer, falar ou sentir. Mas você precisa saber disso antes de expressar para alguém.

A pessoa amada e que te ama sempre estará aí para te apoiar na sua caminhada. Nem sempre ela estará 100% disponível ou disposta, mas é o papel dela fazer o possível por você, certo? Errado! O papel dela é estar contigo, e não fazer tudo por você, minha querida! Esse papel aí é seu. Se amar, se conhecer, se cuidar, se proteger e se desenvolver é sua responsabilidade. Criar suas regras internas também! Então quando perceber que seu parceiro ou sua parceira não está respeitando alguma dessas regras, é seu dever esclarecer a situação.

Vou te dar um exemplo: falar alto com você é insuportável, você detesta, se sente desrespeitada. Acontece que seu parceiro ou sua parceira fala alto com todo mundo. Você provavelmente pense "Ah, é o jeito dele(a). Eu preciso aceitar". Não precisa, não, senhora! O que é se impor aqui nesse caso? É deixar claro que o jeito dele é desrespeitoso com você. A partir da sua fala vocês estabelecem novos acordos, como "sempre que você falar alto comigo, eu te relembro da importância de você falar de forma mais branda para que eu me sinta respeitada". Aceitar comportamentos disfuncionais não é saudável. Evite ser conivente com isso, combinado?

Use as ferramentas que você tiver a seu dispor, como a comunicação não-violenta (CNV), a paciência, técnicas de respiração para se acalmar, o respeito, a empatia, a compaixão ou palestras, workshops, lives nas redes sociais, terapia online, enfim. Como analista corporal eu preciso te falar: não se deixe levar pelo que te dizem sobre relacionamento saudável, mas pelo que você sabe sobre si e o que te faz se sentir bem. O que é positivo e o que é negativo no seu ponto de vista e para a sua vida íntima e amorosa. Você vai descobrir como impor limites no relacionamento da melhor maneira.

Neste outro artigo você pode ler sobre como estabelecer limites para um filho adolescente.

Você só aprende se pular de paraquedas é bom ou ruim para você quando pula! Já reparou que muitas pessoas acham algo ruim mas, quando experimentam, gostam? É disso que estou falando. Seus limites só são incômodos até você impô-los, tirá-los do campo das suas ideias e trazer para a realidade. Como fazer isso? Experimentando! Como falamos antes:

• O que te dá prazer e o que te dá desprazer?
• O que te faz sorrir e o que te faz chorar?
• O que te traz sensação de alegria e o que te traz medo, angústia e tristeza?

Se baseie nessas reflexões e crie suas regras internas, aquilo que você aceita e o que não aceita.

Com as regras internas criadas fica mais fácil de você aprender a se impor mais. Sabe por quê? Porque saberá se valorizar, se priorizar, se proteger. Tudo o que extrapole essas regras, tudo o que estiver fora desses limites é danoso, maléfico ao seu bem-estar, sua tranquilidade e, principalmente, sua saúde mental. Você aceitaria algo assim? Eu aposto que não. Então esse é o segredo: você saberá se impor mais quando elevar sua autoestima, seu senso de autovalor e seu nível de amor próprio. Te convido a experimentar e te garanto que não perderá nada!

Se mesmo com essas instruções você não tiver facilidade para colocar em prática, busque apoio profissional. Essa é a importância da terapia, seja terapia online ou terapia presencial: te guiar por caminhos que você não consegue percorrer sozinha ainda. À medida em que aprende mais sobre si, você se torna mais independente emocionalmente. Caso tenha interesse em receber meu acompanhamento em um processo terapêutico com análise corporal, fique à vontade para me contatar através da minha página.

Sou analista corporal e terapeuta, certificado pelo O Corpo Explica, além de hipnólogo e formado em Programação Neurolinguística (PNL). Trabalho com apoio a pessoas em seus processos de autoconhecimento por meio de sessões terapêuticas pelo Zoom (terapia online) ou de conteúdos publicados em minhas redes sociais diariamente.

Confira um outro texto meu sobre pais desnecessários: como sair da dependência emocional.

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