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Pais desnecessários: como sair da dependência emocional

 
Léo Mosqueira
Por Léo Mosqueira, Terapeuta online e analista corporal. 17 fevereiro 2023
Pais desnecessários: como sair da dependência emocional

Quando o assunto na roda é a convivência com os pais, há sempre dois lados: o das pessoas que se dão muito bem com eles e o das pessoas que têm uma relação horrível com os pais. Então um grupo defende que é muito bom quando passamos um momento gostoso com nossos pais em um final de semana, ou quando terminamos o dia sentados ao redor da mesa da cozinha tomando um café em família e conversando sobre a vida. Enquanto no outro grupo, no extremo oposto, estão as pessoas que lamentam não terem uma relação feliz com eles em algum aspecto e que detestam falar ou lembrar disso.

Mas existe algo em comum nos dois grupos: a relação não saudável com os pais, quando a "obrigação" de cuidar deles, seguir o que dizem, aceitar suas regras, mudar os planos em "respeito" a eles e até adoecer por conta dessa relação se torna a opção escolhida em detrimento da vida saudável, simplesmente por conta da falsa impressão de falta de escolha. É a tão conhecida e complicada dependência, o que significa dizer que ter pais desnecessários é, sim, o ideal para termos saúde mental, física e financeira na vida. Neste artigo do umCOMO vou te explicar o conceito de pais desnecessários e como sair da dependência emocional que a gente cegamente pode estabelecer com eles a ponto de escolhermos adoecer. Lembrando que com a análise corporal você entenderá isso com mais profundidade.

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Índice

  1. O que são pais desnecessários?
  2. Medo do abandono
  3. Medo da rejeição
  4. Como identificar se você tem dependência emocional dos pais
  5. Necessidade de aprovação
  6. Como superar a dependência emocional dos pais

O que são pais desnecessários?

Passar o dia com seus pais, curtir cada segundo, brincar, se divertir com eles é uma delícia! Quando você volta para sua casa (que não é a deles) relembrando das melhores sensações e sorrindo de alegria, percebe como sua relação com seus pais é prazerosa e equilibrada. Mas como se sente a pessoa que não consegue se afastar dos pais, das crenças que eles têm, dos costumes, dos medos e das emoções que eles a fazem sentir?

A relação de necessidade entre um filho e seus pais traz para esse vínculo uma dependência, pois sem eles o filho de sente perdido. Tão perdido que pode até adoecer. Já a inexistência dessa dependência torna os pais desnecessários, pois o filho não necessita da companhia, da aprovação, da atenção ou dos cuidados deles. Quando recebe, desfruta disso. Mas não depende para se sentir feliz e realizado. Gostar de receber essas coisas que mencionei e até saber dosar é uma coisa. Já precisar é outra completamente diferente.

Medo do abandono

Todo ser humano tem o medo de ser abandonado pelos pais. Se você ainda não viu o texto no qual explico o que é a análise corporal e os 5 traços de caráter, corre lá! Por medo de você se sentir sozinha e especialmente quando não desenvolve habilidades para suprir a sensação de falta, de vazio em seu íntimo, escolhe inconscientemente se manter próxima dos seus pais. As figuras paterna e materna te passam a ideia de cuidado, atenção e carinho, então você acaba por escolher esse caminho mais fácil de se preencher, "curar" essa solidão se mantendo perto deles. Perto até demais.

Quando você se dá a atenção (literal) que deseja receber dos seus pais, aquele cuidado físico e emocional que você costuma suprir com sorrisos, abraços, olhares e conversas vindos deles, você não se abandona. Quando ouve suas necessidades e as atende, se acolhe, se protege, impõe limites, conhece aquilo que sente vontade, vive o que deseja, aí sim você preenche, pouco a pouco e de forma saudável, o buraco emocional no seu peito. E então você entende como superar o medo do abandono e torna seus pais desnecessários, o que é algo extremamente positivo.

Pais desnecessários: como sair da dependência emocional - Medo do abandono

Medo da rejeição

Ouvir seus pensamentos e não descartar (nunca!) os desejos e as ideias que surgem na sua cabeça é importantíssimo! Te ajuda a conquistar independência emocional e ter pais desnecessários, por exemplo. A sua saúde mental (e até a física) depende de você não descartar suas necessidades, mas atendê-las por si só. Se você quer aprender como superar o medo da rejeição, precisa se sentir parte integrante da sua própria vida. Porque ouvir, anotar e comunicar aos outros as suas ideias, o que se passa na sua mente, significa exatamente não se rejeitar.

Pense aqui comigo: aquela desconexão que você às vezes reforça e ressente, como por exemplo deixar de ir em um evento social ou não responder uma mensagem ou ligação de um amigo, sabe? Isso é uma cutucada na sua ferida de rejeição. É você reafirmar que não tem valor, não precisa ou não merece ser vista, ouvida e fazer parte de nenhuma relação e mais: que sua existência não faz diferença alguma na vida das pessoas. Muito forte, né? Essa é a dor da rejeição agindo ativamente no seu inconsciente. Para evitar senti-la e por não saber curá-la é que muitas pessoas se mantêm pertinho de seus pais e estabelecem vínculos de dependência emocional sem perceberem.

Como identificar se você tem dependência emocional dos pais

Será que você conseguiu tornar seus pais desnecessários ao longo da sua vida? Será que os processos de autoconhecimento pelos quais você passou (terapias, palestras, cursos) foram suficientes para você resolver essa questão? Fiz uma lista abaixo para você conferir se alguma delas é realidade na sua vida e se ainda te incomoda. Fique atenta se algo aconteceu há muito tempo na sua vida mas ainda mexe com você, te incomoda. Vamos lá:

  • Você fez um curso porque isso agradaria seu pai ou sua mãe (técnico, graduação, pós, qualquer um);
  • Você segue uma carreira profissional para ver seus pais se orgulharem de você;
  • Todos os dias (ou quase todos) você faz algo que traz ou traria contentamento aos seus pais;
  • Você se relaciona amorosamente com alguém porque seus pais o(a) aprovam;
  • Você lembra de momentos com seus pais com sentimento de tristeza, arrependimento ou culpa;
  • Você cria seus filhos da "maneira ideal" segundo os seus pais;
  • Você segue as crenças e os padrões que seus pais aprovam, e não aqueles em que você acredita;
  • Você faz algo na sua vida pensando "mas o que vai ser da minha mãe/do meu pai se eu fizer isso?";
  • Você tem medo de tomar alguma decisão porque seus pais não gostam dessa escolha;
  • Toda vez que acontece algo ruim na sua vida, você recorre aos seus pais (falta de dinheiro, término de relacionamento, crise profissional);
  • Você não consegue se mudar da casa dos seus pais (independente da razão);
  • Você se sente errada, pecadora ou ingrata ao priorizar os seus desejos ao invés de priorizar os pedidos ou as necessidades dos seus pais;
  • Você se sente na obrigação de cuidar dos seus pais para compensar o esforço que eles fizeram por você durante grande parte da vida deles.

E aí, respondeu com "Sim" a algum desses itens? Pois saiba que são enormes as chances de você não ter pais desnecessários atualmente.

Necessidade de aprovação

Tudo o que você faz é bem visto e aceito por seus pais? Certamente não, ou cada passo que você desse seria precedido por "será que meus pais acham isso legal? Será que eles aprovariam essa decisão?". Acontece com muitas pessoas: a vida trava porque tudo o que elas desejam fazer precisa passar pelo filtro da aprovação dos pais. Se você percebe que as suas decisões são diretamente influenciadas pela maneira como seus pais olharão para você, reflita: a opinião deles é mais importante do que a sua própria felicidade e satisfação? Porque isso significa ter dependência emocional dos pais, ou seja, o oposto de ter pais desnecessários. Então possivelmente você está escolhendo a aprovação ao invés de viver sua vida de forma saudável.

Quer saber como se livrar da necessidade de aprovação? Pergunte-se: que medos você tem?

  • De seus pais serem contra aquilo que te trará felicidade?
  • De eles serem contra a sensação de realização que você deseja ter?
  • De eles não te aceitarem ou aprovarem?

Entenda que seus medos estão baseados no quanto você precisa agradar a eles, e não ao seu próprio prazer de viver. Se quer saber o que é dependência emocional, pois bem: é o oposto de soltar essa necessidade e requer coragem para, se for preciso, se afastar dos pais, dar liberdade a eles e a você mesma. A título de curiosidade, a origem desses medos é muito bem abordada na psicanálise.

Como superar a dependência emocional dos pais

A fórmula para superar essa dependência é se cuidar e se dar o que você precisa. Não achou que eu te daria uma solução mágica aqui depois de falar diversas vezes da importância do autocuidado e das escolhas que são importantes na sua vida, né? Retire das mãos dos seus pais a responsabilidade de fazerem por você aquilo que você já pode fazer sozinha! Filhos dependentes emocionalmente dos pais são crianças. Mas nós somos adultos e maduros. Podemos falar na mesma linguagem, concorda? Se o que você realmente deseja é ter uma vida abundante, repleta de saúde e liberdade, comece quebrando essas correntes emocionais que te prendem aos seus pais, tornando-os pais desnecessários e conquistando sua independência emocional.

Léo Mosqueira é analista corporal e terapeuta, certificado pelo O Corpo Explica, formado em Programação Neurolinguística (PNL) e hipnólogo. Como profissional, apoia pessoas em seus processos de autoconhecimento por meio de sessões terapêuticas pelo Zoom (terapia online) ou de conteúdos publicados em suas redes sociais diariamente.

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