O que é demissexual?

Como o nome pode sugerir a demissexualidade está ligada a maneira que a pessoa se sente atraída por outros indivíduos. É de fato é.

A demissexualidade, de maneira bem direta, é um termo que está dentro do espectro assexual, mas que se caracteriza pelo surgimento de atração sexual apenas quando há algum tipo de conexão ou envolvimento de maneira emocional ou afetiva com a outra pessoa.

Está dentro dos termos da chamada área cinza, pois não especifica qual o sexo ou a identidade de gênero que uma pessoa que se considera demissexual sente atração após a conexão estar estabelecida.

A palavra demi é um neologismo vindo da língua francesa, que significa metade, parte de algo. O primeiro relato do surgimento do termo ainda é considerado recente, apenas em fevereiro de 2006, em um fórum da Asexual Visibility and Education Network (Rede de Educação e Visibilidade Assexual, em inglês), um usuário chamado Sonofzeal, contou e descreveu de maneira detalhada que não sentia qualquer tipo de atração por uma pessoa até que uma conexão emocional já estivesse formada entre as partes.

Dessa maneira, disse que não se sentia assexual (que não sente desejos sexuais) e nem alossexual (que sente atração sexual regularmente), mas sim algo entre os dois, então veio com este novo termo para definir a maneira que se sentia. Depois de dois anos dessa primeira discussão sobre demissexualidade, foi aí que começou a ser mais conhecidos e a ter mais pessoas identificadas com o espectro.

O termo ganhou mais visibilidade no Brasil depois que a cantora Iza, em uma entrevista dada ao podcast da atriz Giovanna Ewbank, o “Quem Pod, Pod”, que não sente atração sexual de imediato por uma pessoa. "Demora muito para eu querer transar com alguém, acho que só se eu tiver muita conexão com a pessoa", disse a estrela da música brasileira.

A própria Giovana Ewbank já havia contado que é demissexual. Ela contou que teve apenas cinco parceiros sexuais durante a vida, um deles seu atual marido, o ator Bruno Gagliasso, com quem tem três filhos.

Depois que começamos a falar e entender sobre demissexualidade, é importante termos noção que não se trata de uma escolha, sendo como qualquer outra orientação sexual. A pessoa já nasce com isso e é sempre importante respeitar.

Outro ponto muito importante é não confundir a demissexualidade com a sapiosexualidade, que é o desejo sexual gerado por pessoas que são cultas mostram sinais de inteligência.

Vale ressaltar também que pessoas demissexuais também são muito diferentes. Afinal de contas, o que faz a conexão ser criada varia de cada um. Dentro do mesmo grupo demissexual, existem pessoas que gostam de contato físico e outras não, enquanto outras praticam masturbação e outras de jeito nenhum, é tudo bem diverso, como é natural do ser humano.

O que gera conexão para uma pessoa não é o mesmo mecanismo para a outra. A conexão se baseia em atitudes e no fato da pessoa sentir que realmente já consegue ver além do que a primeira camada do outro mostra, entende? Mas até lá, esse caminho é diferente para todos, já que nem todo mundo tem o mesmo gosto, experiências de vida, etc.

Para pessoa que é demissexual, não importa se a pessoa é de fato uma celebridade, um ator, um esportista famoso, mas só de fato quando existe uma conexão real e emocional criada entre elas. Logo, quando falamos de uma pessoa demissexual, estamos falando apenas de seres humanos

E vale ressaltar (fortemente) que a demissexualidade não é nenhum tipo de anomalia ou doença ou simplesmente uma “fase” que a pessoa está passando. É uma qualidade que integra pessoas normais, como seus amigos, família, que tem apenas uma maneira diferente de se relacionar sexualmente.

Existem muitos relatos de homens que tiveram problemas em se assumir demissexuais. A cultura machista no Brasil pode ser tóxica em diversos momentos, pois coloca na cabeça de crianças e adultos que, para ser um homem, é necessário ser aquela figura dura, briguenta, e que tem a necessidade de fazer sexo constante com diversas mulheres para mostrar ser o “macho alfa”. Uma completa besteira, diga-se de passagem.

Porém, depois que a demissexualidade veio à tona e mais homens começaram a se ver dentro dessa categoria, muitos comentaram alívio. “Não foi fácil entender essa parte de mim, muitas das vezes eu mesmo questionei a minha sexualidade e como de fato me sentia. Hoje sinto uma grande plenitude de poder finalmente ser eu, independente da situação”, disse uma fonte anônima que se identifica como demissexual.

Alguns especialistas e pesquisadores da área questionam a demissexualiade pela falta de definição do que seria, de fato, a tal conexão comentada por muitos. Existe também a pergunta se essa relação traria é apenas afetiva ou pode ter alguma amizade envolvida.

Também há quem defenda que não deveria existir uma nova sexualidade baseada em “preferências” ou por como se cria o interesse em ter uma relação sexual.

Hoje, quando falamos da questão da conexão, a explicação mais bem aceita é que ela varia de pessoa para pessoa e necessita que tudo flua bem para te fato ser consumada.

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